
Em um primeiro momento eu estava no meu quarto, tranquilamente olhando o teto. Na verdade, nada existia no teto mas mesmo assim eu o olhava de forma intensa. Pensativo eu estava e pensativo eu fiquei. Era manhã, minha cara de sono mais do que notável. Sim, seria essa palavra a melhor para dizer como eu estava. Eu estava desorientado, mesmo. Mas algo me chamou a atenção pela janela, eram chamas. Por isso eu estava achando estranho estar tão claro...e porque eu confundiria a claridade das chamas com a luz do dia? E como eu poderia estar tão desorientado a ponto de achar que era de manhã se eu tinha acabado de me deitar pra dormir? E como eu estava com cara de sono se eu não dormira? Ou dormira? O que eu poderia dizer mesmo era que eu não lembrava de nada mesmo.
Levantei-me como toda e qualquer pessoa que quisesse saber o que estava acontecendo e olhei diretamente pela janela do meu quarto até fora da casa. Estava tudo em chamas, mesmo. Estranho pois não existia qualquer floresta por perto e apenas o chão estava queimando, em volta da casa. E porque ninguém mais na casa notava? Gritei. Gritei. Desci as escadas e encontrei meus pais na sala com gases em volta de todo o seu corpo. Como múmias e estavam parados, intactos. E onde estaria minha pequena irmãzinha Alessandra? Ela havia simplesmente sumido. Gritei de novo. E de novo.
Era algo muito inesperado e isso me aterrorizava mais ainda. A situação, meus pais. Eu não iria chorar. Pelo menos não agora. Eu deveria ser forte e descobrir tudo. Para ser forte seria necessários forças. Teria eu forças? Uma salvação? E Alessandra, onde estaria ela?
Uma luz veio forte, não identifiquei de onde. Era uma explosão. E mais chamas. Pela janela querendo entrar pela casa. Alessandra aparecia da cozinha com um sorriso de orelha a orelha. E com esse sorriso pude notar que ela não sentia compaixão com o acontecimento. Ela estava com um sorriso malicioso. Assustador.
Pude sentir uma brisa gelada, um toque frio de mãos em mim e olhei pro lado. Nada. Senti um beijo no rosto e dores em todas as partes do corpo, como estacas e facas ao mesmo tempo sendo colocadas rapida e friamente em minha barriga, tentando me matar. E eu estava morrendo. Mas não via minha assassina e nem via o que ocorria, só sentia. Olhei para o lado antes de desmaiar. Alessandra estava lá, sorrindo e acenando para mim, exatamente do meu lado, dois metros de distância ou menos. Ela tinha me matado. E eu estava realmente morto.
Não sei como, eu estava morto mas mesmo assim estava lá para assistir. Olhava para o meu corpo sendo colocado como uma múmia. O mesmo dos meus pais. E Alessandra fazia isso como quem brinca de casinha. Mas algo estava errado. Ela não calculara uma margem de erro: o fogo consumia a casa e já a queimava. Vi minha família ser destruída, praticamente. Eu estava morto e todos.
O mundo está sendo estragado constantemente, e claro, quem está sofrendo é todos. Quem faz e quem não faz. Todos estão pagando a consequência de atos que nem todos têm culpa. E o pior de tudo: ninguém assume o que faz ou tenta melhorar, só querem saber de seus custos. Foi como em minha sala, em um trabalho, algumas pessoas de minha sala estragaram a outra sala, gravaram, colocaram no youtube e claro que a coordenação descobriu e a professora não deu pontos para ninguém como consequência de atos que não eram de todos e apenas de 9, isso é horrível, não? É a realidade, simplesmente. E agora? Todos poderíamos fazer nossas partes e tentar ajeitar o que os outros cometem.
Boa tarde, bloggers, se cuidem.